“Se conhecesses o dom de Deus…” (João 4,10)

O encontro de Jesus com a mulher samaritana no poço de Jacó, narrado no Evangelho segundo São João (Jo 4,5-42), é uma das passagens mais profundas e simbólicas do Novo Testamento. Nela, encontramos um diálogo repleto de camadas espirituais, revelações e conversão — um verdadeiro modelo de evangelização.
O cenário: sede física e sede espiritual
Jesus, cansado da caminhada, para ao meio-dia junto ao poço de Jacó, em Sicar. A essa hora, ninguém costuma buscar água — o sol escaldante faz os horários mais frescos preferíveis. Mas ali chega uma mulher samaritana, solitária, e se dá um dos diálogos mais íntimos registrados nos Evangelhos.
“Dá-me de beber” (Jo 4,7), diz o Senhor. Ele, que é Deus, pede algo de uma alma sedenta. Ao fazê-lo, Jesus inaugura uma aproximação que transpassa barreiras de gênero, etnia e religião. Judeus e samaritanos não se comunicavam, e ainda assim, Jesus inicia o diálogo.
A revelação da água viva
A mulher estranha o pedido. “Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?” Jesus então responde com um convite à fé: “Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz: ‘Dá-me de beber’, tu é que lhe pedirias, e ele te daria água viva.” (Jo 4,10)
A água do poço sacia por um momento. A água que Cristo oferece é eterna: é a graça, o Espírito Santo, a vida divina que jorra para a vida eterna (cf. Jo 4,14). A mulher, atraída por essa promessa, começa a abrir o coração.
Da revelação à conversão
Jesus revela o passado da samaritana — cinco maridos, e o atual não é seu esposo (Jo 4,18). Mas não o faz para acusá-la, e sim para despertar nela a consciência de sua sede existencial. Ao reconhecer sua vida em verdade, a mulher começa a enxergar Jesus como profeta, depois como o Messias prometido, até confessar: “Ele me disse tudo o que fiz!” (Jo 4,29)
Seu encontro pessoal com a Verdade muda seu rumo. Ela deixa o cântaro — símbolo da antiga sede — e corre à cidade para anunciar o que viu e ouviu. Tornou-se evangelizadora.
A missão da Igreja ali começou
Curiosamente, os samaritanos da cidade, ao ouvirem o testemunho da mulher, vão até Jesus, pedem que Ele permaneça, e depois afirmam: “Já não é pelo que disseste que cremos, mas porque nós mesmos ouvimos, e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo.” (Jo 4,42)
Aquela mulher tornou-se instrumento de salvação para muitos. Esse é o poder de um encontro verdadeiro com Cristo: transforma, envia e dá frutos.
Como podemos aplicar esse conhecimento ainda hoje?
- Jesus te espera no lugar da tua sede: mesmo que seja ao meio-dia da tua história, Ele se senta no poço da tua vida.
- Não temas o teu passado: Cristo o conhece e quer te libertar, não te condenar.
- Seja evangelizador: como a samaritana, vá e conte. Seu testemunho pode levar muitos a encontrar o Salvador do mundo.
✝️ Fontes de apoio doutrinal:
- Bíblia Sagrada, João 4,5-42
- Catecismo da Igreja Católica, §§ 2560–2561 (oração como encontro de sede)
- Homilia de Bento XVI em 24/02/2008 (3º Domingo da Quaresma, Ano A)
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