O temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Provérbios 1,7)
Introdução
Salomão, filho do rei Davi, é uma das figuras mais notáveis do Antigo Testamento. Conhecido por sua sabedoria extraordinária, ele governou Israel durante um período de paz e prosperidade. A tradição da Igreja Católica reconhece Salomão como o principal autor de livros sapienciais da Bíblia, como Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos. Este artigo apresenta sua história, seus escritos e as lições espirituais que podemos tirar de sua vida.
Quem foi o rei Salomão?
Salomão foi o terceiro rei de Israel, sucedendo seu pai, Davi. Seu reinado, que durou cerca de 40 anos, é lembrado como uma era de grande esplendor para Israel. Ele é reverenciado como o construtor do Primeiro Templo de Jerusalém e por ter pedido a Deus não riquezas ou poder, mas sabedoria para governar com justiça.
Características principais de Salomão:
- Filho de Davi com Betsabé (2 Samuel 12,24)
- Escolhido por Deus para suceder Davi (1 Crônicas 28,5-7)
- Recebeu sabedoria divina em sonho (1 Reis 3,5-12)
- Proferiu julgamentos célebres, como no caso das duas mulheres e o bebê (1 Reis 3,16-28)
- Construiu o Templo do Senhor em Jerusalém (1 Reis 6)
- Mais tarde, caiu em idolatria por influência de suas esposas estrangeiras (1 Reis 11)
Livros da Bíblia atribuídos a Salomão
1. Livro dos Provérbios
O livro de Provérbios é uma coletânea de ditados e ensinamentos morais que visam formar o caráter do fiel. Os capítulos 1 a 24 são atribuídos diretamente a Salomão, conforme indicado logo no início: “Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel” (Provérbios 1,1).
Mensagem central: A sabedoria começa com o temor do Senhor.
Versículo chave: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução” (Provérbios 1,7).
2. Livro do Eclesiastes
Também conhecido como Qohelet, o Eclesiastes apresenta reflexões sobre o sentido da vida e a vaidade das coisas terrenas. Embora o estilo literário seja distinto, a obra é tradicionalmente atribuída a Salomão, que se apresenta como “filho de Davi, rei de Jerusalém”.
Mensagem central: Sem Deus, tudo é vaidade.
Versículo chave: “Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade” (Eclesiastes 1,2).
3. Cântico dos Cânticos
Este é um poema lírico sobre o amor entre o esposo e a esposa, interpretado espiritualmente pela Igreja como o amor entre Deus e seu povo, ou entre Cristo e a Igreja. A autoria é atribuída a Salomão: “Cântico dos Cânticos de Salomão” (Cântico 1,1).
Mensagem central: O amor verdadeiro é reflexo do amor divino.
Versículo chave: “As muitas águas não podem apagar o amor, nem os rios afogá-lo” (Cântico 8,7).
4. Livro da Sabedoria (atribuição simbólica)
Embora não tenha sido escrito diretamente por Salomão, o Livro da Sabedoria (Sabedoria de Salomão) é redigido em seu nome, como um exemplo do gênero sapiencial. Foi escrito em grego, provavelmente no Egito, por um judeu helenista.
Mensagem central: A sabedoria vem de Deus e conduz à justiça e à imortalidade.
Lições espirituais da vida de Salomão
1. A importância de buscar a sabedoria
Salomão foi abençoado porque pediu sabedoria para governar bem. Isso nos ensina a priorizar os bens espirituais acima dos bens materiais.
2. A necessidade de perseverança na fidelidade
Apesar de sua sabedoria, Salomão caiu em idolatria no fim da vida. Isso mostra que não basta começar bem: é preciso permanecer fiel até o fim.
3. A beleza do ensino divino
O Livro dos Provérbios, especialmente os conselhos paternos, é uma fonte inesgotável de ensinamentos para a vida prática e espiritual.
Leitura recomendada
- Bíblia Sagrada (edição Ave-Maria ou CNBB), introduções aos livros sapienciais
- Catecismo da Igreja Católica, especialmente sobre sabedoria, fé e fidelidade (§§1805–1832; §§215–221)
- Dom Estêvão Bettencourt, Introdução à Sagrada Escritura
- Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, perguntas 22–23 (livros sapienciais)
Conclusão
Salomão permanece como símbolo da sabedoria que vem de Deus. Seus escritos continuam atuais, nos orientando na fé, na moral e no discernimento espiritual. Seguir seus ensinamentos, especialmente os Provérbios, é uma forma de trilhar o caminho da retidão, da prudência e da verdadeira felicidade.
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