“Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas.”
— São Francisco de Assis, Cântico das Criaturas
Quem foi São Francisco de Assis?
São Francisco de Assis nasceu em 1181 ou 1182, na cidade de Assis, na região da Úmbria, Itália. Filho de um rico comerciante, viveu uma juventude de festas e vaidades, sonhando com glórias militares. Porém, após uma grave enfermidade e uma profunda experiência espiritual, Francisco renunciou a todos os bens terrenos e escolheu viver na mais radical pobreza por amor a Cristo.
Vestindo apenas uma túnica simples amarrada por um cordão, entregou-se à oração, à penitência e à pregação da paz, da humildade e do amor. Foi o fundador da Ordem dos Frades Menores (Franciscanos), da Ordem das Clarissas (com Santa Clara) e da Ordem Terceira Franciscana, voltada aos leigos.
A Conversão e o Chamado
A conversão de Francisco se deu de forma gradual, especialmente após ouvir o Crucifixo da igreja de São Damião lhe dizer:
“Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja.”
Ele, no início, interpretou literalmente e começou a restaurar igrejas arruinadas, mas logo compreendeu que o chamado era espiritual: revitalizar a Igreja pela vivência do Evangelho.
Sua espiritualidade era marcada pela pobreza absoluta, pelo amor à Eucaristia, pela obediência à Igreja e por um profundo senso de irmandade com toda a criação. Para ele, todos os seres — até mesmo o sol, a lua, o fogo, a água e os animais — eram irmãos, pois provinham do mesmo Criador.
Milagres e Estigmas
São Francisco também é conhecido como o primeiro santo a receber os estigmas — as chagas da Paixão de Cristo — no Monte Alverne, no ano de 1224. Durante dois anos, ele ocultou as feridas por humildade, mas os irmãos testemunharam que suas mãos, pés e lado apresentavam marcas idênticas às de Cristo crucificado.
Numerosos milagres foram atribuídos a ele, tanto em vida quanto após sua morte: curas, conversões, domínio sobre os animais e até ressuscitações.
O Amor pela Criação
Seu amor pelos animais não era sentimentalismo, mas expressão concreta de sua visão sacramental do mundo. Ele via em cada criatura um reflexo do Criador. Rezava com os pássaros, amansava lobos, dialogava com peixes — e tudo isso como um louvor a Deus.
Esse aspecto de sua vida inspirou o famoso “Cântico das Criaturas”, considerado um dos primeiros textos em italiano vernacular. Nele, São Francisco chama o sol de “irmão”, a lua de “irmã”, e até a “irmã morte” é acolhida com serenidade.
Morte e Canonização
São Francisco morreu no dia 3 de outubro de 1226, aos 44 anos, na Porciúncula, uma capela simples que ele tanto amava. Foi canonizado apenas dois anos depois, em 1228, pelo Papa Gregório IX.
Sua festa litúrgica é celebrada pela Igreja no dia 4 de outubro. Ele é padroeiro dos animais, da ecologia e de muitas iniciativas missionárias e sociais.
Um exemplo para o nosso tempo
Em um mundo cada vez mais consumista e desconectado da criação, São Francisco de Assis continua a ser um modelo vivo de simplicidade, paz e reconciliação com Deus, com os irmãos e com a natureza.
Seu testemunho não é apenas histórico: é um apelo para que cada cristão redescubra o Evangelho em sua forma mais pura — vivida com radicalidade, alegria e amor.
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